Máquina do Tempo



A coisa boa (ou nem assim tão boa) de ter um blogue online há quase 8 anos, é que funciona como uma espécie de máquina do tempo.

Posso voltar atrás ao estilo do DeLorean do filme Regresso ao Futuro, e voltar ao meu passado (que me parece quase noutra vida), a uma velocidade quase assustadora.

Isto porque, me apareceu assim do nada uma sugestão de post que escrevi em 2011. 

Fiquei ali uns bons minutos a pensar e a colocar-me na pele daquela pessoa que eu era há 8 anos.

É uma experiência peculiar. 

Quando fiz uma reformulação total do blogue há cerca de dois anos atrás, pensei em guardar só o melhor e deixar só a realidade mais bonita. A mais apetecível. 

Deixar só aquele faz-de-conta que às vezes nos conforta.

Aquele tom ficcionado de que a vida é sempre maravilhosa atrás de um teclado e tudo é o máximo.

Não temos problemas e os nossos dias são sempre cheios de momentos memoráveis, irrepetíveis e que estamos diariamente carregados de um otimismo borbulhante e a apregoar citações maravilhosas (que vimos algures no Pinterest).

A verdade, é que a vida real e a Internet são coisas diferentes.


Mudei de ideias logo, ia ficar tudo como estava!

A vida real é cheia de altos e baixos, de ganhos, de perdas. Algumas delas irreparáveis.

De momentos incríveis e de outros que parecem passados a papel químico de outros tantos, de tão monótonos.

Não quis passar uma borracha virtual em todos os momentos e situações que há oito anos me pareceram "impecábeis". Como começar um post dizendo: "A noite passada tive um jantar simpatiquíssimo" - neste momento ler coisas do género é priceless!

Pensei em eliminar de vez todas as fotos que tinha de cabeça cortada. 

Na altura, tinha medo de me expor. Se bem que a exposição seria de curto alcance, porque para além dos 4 ou 5 amigos, que quase obrigava a ler cada vez que colocava online um post, mais ninguém o lia. Mas pronto, as coisas são como são.

Sinceramente? Estava bem com isso.


Se voltava atrás e fazia tudo diferente? 


Não.

Voltava a fazer os mesmos erros todos, um por um, e voltava a aprender as lições mais amargas que carrego até hoje.

Voltava àquela FNAC de Barcelona e voltava a deixar o blogue aberto em todos os computadores para que as pessoas quando fossem ver o computador o lessem.

Ridículo, eu sei.


O que mudou nestes oito anos? 

Tudo. Mudou tudo. Ou então, nada. Não mudou nada.


Às vezes na vida é preciso que tudo mude, para que tudo volte a permanecer igual.

Continuo a ser a mesma pessoa falível. A mesma pessoa que toma decisões emocionais. 

A pessoa que manda ao ar um trabalho bem pago, porque os gestores da marca que fez a proposta foram arrogantes. 

A mesma pessoa que arrisca.

Que não tem medo de ir atrás daquela luzinha ao fundo do túnel, ainda que deste ponto pareça tão desfocada (género miragem).

A mesma pessoa que se apaixona por cidades e quer lá voltar mais mil vezes (em vez de conhecer outras diferentes), ou àquele restaurante que é zero da moda, mas que a comida é deliciosa e a dona já nos conhece pelo nome.

Sou o mesmo Paulo que compra "por atacado" (como diz um amigo meu) o mesmo modelo de camisola em quatro cores diferentes.

E, acima de tudo, continua a acreditar que sem sonhos, não somos nada.


O que aprendi?

Nestes oito anos de relativa exposição aprendi a gostar de mim. A aceitar que sou estupidamente falível e que, às vezes, o meu sentido de humor aparece em situações que não têm rigorosamente piada alguma.

Aprendi a ter alguma pena (em vez de ficar irritado), quando alguém anonimamente comenta um post e diz que a minha existência é patética e que deveria morrer de cancro.

Obrigado Google por este Regresso ao Passado.



Passagem de ano de 2011/12, numa das primeiras fotos onde mostro a cara no blogue.










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